segunda-feira, 26 de julho de 2010

O RESGATE


A força da fragilidade impacta o maior resgate da história com seus principais protagonistas: um casal jovem, um cordeiro um bebê e uma cruz.
Era fim de tarde. José e eu estávamos procurando uma hospedaria. Meu filho estava para nascer....
Não passaria daquela noite. Qualquer lugar, por mais simples que fosse, estaria bom, mas não achamos nada. A cidade estava lotada. Muitos ganharam dinheiro com aquele recenseamento.
Em Nazaré, havíamos preparado nossa casa para recebê-lo, mas quando soube que teríamos de viajar para Belém, meu coração se entristeceu, pois sabia que não teria meu bebê no aconchego do meu lar.
Deus já havia escolhido outro lugar para seu Filho Eterno nascer.
Lembrei-me, então, que as Sagradas Escrituras já indicavam o local onde o Messias nasceria: era exatamente em Belém. Meu coração, com isso, ganhou novo ânimo!
A noite havia chagado e ainda não tínhamos conseguido uma hospedaria. Sentia fortes dores e José, que puxava o jumento em que vim sentada ao longo da viagem, também estava visivelmente cansado. Mesmo assim, sabíamos que deus estava cuidando de tudo e que tinha um lugar preparado para nós.
Vários detalhes da criança que eu carregava em meu ventre foram registrados nas Escrituras, muito tempo antes dela nascer. Apesar disso, tido pra mim era novidade. Textos que ouvia desde pequena se revelam com o passar dos dias diante de meus olhos. Incrível! Ser mãe já é uma alegria única, agora carregar o Messias esperado há séculos é inigualável. Quando pensava nisso, parecia até que minhas dores sumiam. Compartilhei essa medicina com meu amado marido e vi sua expressão cansada revigorar-se. Enquanto conversávamos, avistamos uma hospedaria, talvez a última da região. Aparentemente uma casa simples. Pedi a Deus que fosse o lugar escolhido.
Quando chegamos à porta, um senhor, dono daquele estabelecimento, nos disse que não havia mais vaga, mas nos ofereceu, na parte de trás de seu terreno, um pequeno estábulo, onde dormia seu rebanho. José e eu não tínhamos mais onde procurar, então aceitamos a oferta. Tive meu filho em meio a bois, vacas, ovelhas e cordeiros. Havia ali, em meio a outros, um animal muito especial – um cordeiro sem manchas, sem defeito, separado de todos os outros, que deveria servir de sacrifício a Deus.
Enfaixei meu filho e o deitei na manjedoura, lugar onde aquele cordeiro especial antes comia.
Logo em seguida recebemos a visita de alguns pastores, que viviam na região. Eles disseram que anjos de parte de Deus tinham lhe dito coisas admiráveis a respeito do menino.
Ali, o rebanho que traziam consigo se juntou ao que já estava no estábulo para contemplar o menino que acabara de nascer, e ele se tornou o centro das atenções naquele humilde lugar.
O tempo passou... E hoje, em frente a esta cruz, vejo meu filho pendurado, pagando por algo que não cometeu.
Ele, que em seu trinta e três anos de vida, sequer pensou algo impuro. Meu choro copioso é fruto de um coração materno. Porém, um pensamento reconfortante emerge em minha mente: aquele que é meu primogênito, já existia antes de mim; ele é o
Eterno; antes de ser meu filho, é o Filho de Deus. Ele mesmo, em sua eternidade, escolheu se fazer homem. Até mesmo o seu nome, Jesus Cristo – O Messias Salvador – explicita quem ele é. Meu filho nasceu e tomou o lugar daquele cordeiro sem defeitos e manchas, que ano após ano apresentávamos para cobrir nossas transgressões diante de Deus, para de uma única vez, através de sua humildade impecável, tomar os pecados de toda a raça e pregá-los consigo na cruz. Os meus, os seus pecados foram ali perdoados!
Isso tudo me faz concluir uma coisa: mesmo que houvesse outros lugares para ele nascer naquela noite, ele ainda teria escolhido nascer no lugar do cordeiro!

Renato Moriconi
Igreja Presbiteriana Unida de São Paulo

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